sábado, 16 de março de 2013

Histórias para voar

livro infantil
Nem eu nem a Elanor costumamos ser muito fãs de livros com várias histórias como coletâneas de vários autores, mas este livro foi uma excelente exceção.
Histórias para voar é um desses livros com historinhas feitas para se ler antes de dormir.
São 14 contos de diversos autores com ilustrações de Marie-José Sacré e uma ótima tradução e adaptação de Anna Flora publicado pela editora Salamandra. Acredito que todos os contos mereciam e se sairiam muito bem como livros individuais.
Hoje vou escrever sobre o primeiro conto do livro, "O monstro chorão" de Mireille Saver.
A Elanor gostou tanto dessa história que foi difícil convencê-la a ouvir as demais. O clássico conto do monstro que vive isolado pois todos têm medo dele mas que no fundo é bonzinho e só quer ter amigos.
Uma das coisas mais legais deste livro é que quase todas as histórias giram em torno de crianças e na maioria das vezes são elas que "resolvem" os problemas que aparecem pelo caminho. O monstro chorão garantia a água do vilarejo com suas lágrimas, mas um dia cansou de chorar por ninguém gostar dele, então a fonte secou.
As histórias têm um tamanho ideal para uma pequena leitura noturna, lemos esse livro hoje com bastante frequência e sempre na ordem. A Elanor nunca aceita que pulemos para uma história no meio do livro, temos que ler um por um, marcando qual será a próxima história toda noite até o fim do livro. Por isso sabemos que quando começamos a ler o "Histórias para Voar" ficaremos com ele por 14 dias. São as regras dela!



quarta-feira, 6 de março de 2013

Outra vez!

Emily Gravett
Acho que foram mais do que 10 vezes que eu e a Elanor lemos este livro na livraria antes de eu finalmente ceder e trazê-lo para casa. Por qualquer motivo ele não me conquistou de início, e eu, egoísta, sempre dava um jeito de encontrar outro para comprar no lugar dele.
A história se chama "Outra Vez!", escrita e ilustrada por Emily Gravett e traduzida por Lenice Bueno. É um livro pequeno com algumas peculiaridades que o tornam absurdamente divertido para as crianças.
A primeira é que o livro tem uma sobrecapa (aquela capa de papel que vem solta por cima da capa original do livro), e é o primeiro livro da Elanor que tem isso, ela ficou surpresa quando descobriu essa novidade. A ideia da capa e sobrecapa abriga uma segunda novidade, elas não são iguais!! A sobrecapa é a capa do livro que estamos levando para casa, é a capa do "Outra Vez!" mas a capa "de baixo" é totalmente diferente (e linda), e é a capa do livro que é contado dentro do livro!!
Deixe-me explicar melhor.
O livro mostra um pequeno dragão na hora de ir dormir pedindo à mamãe que leia seu livro favorito, um livro de capa vermelha com moldura em preto e a gravura de um dragão lendo um livro sob a lua. A mamãe lê a história (curtinha como um poema) e o dragãozinho pede que ela leia outra vez e outra e outra...
A cada vez que lê a história, a mamãe dragão, cada vez mais cansada e com sono, encurta e muda o conteúdo do conto lembrando muito como nos sentimos nas noites de cansaço.
Um dos atrativos do livro para as crianças é que elas têm nas mãos o livro que o dragãozinho também tem! A Elanor não quer mais usar a sobrecapa, ela está guardada na estante, o livro agora só com a capa vermelha!
Por fim, a última surpresa fica por conta do manhoso dragão, que fica bravo quando a mamãe cai no sono e não lê mais a história. Ele esbraveja outra vez, outra vez, outra vez até soltar fogo pelas ventas e queimar o próprio livro, deixando um buraco em algumas páginas com a marca de chamuscado em volta! Um truque fácil mas que deixa a Elanor "encucada"!
Acho que a princípio eu não queria o livro pois não gostava do exemplo de má-criação do pequeno dragão, mas hoje, confesso, sou eu que as vezes peço ele de noite.

Emily Gravett

Emily Gravett


terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Os bordados da menina, da gaiola e da bicicleta

Cheguei a esse livro por um caminho diferente, o encontrei por conta deste bordado lindo que vi em uma revista de decoração ano passado.


Fiquei encantada com a delicadeza e a gostosura dessa peça e fui atrás da fonte. Descobri que era uma das obras da família Dumont, de Pirapora em MG.
Ainda à procura de como obter a peça, descobri que o grupo já havia feito diversas ilustrações bordadas para livros, dentre eles para o livro "A menina, a gaiola e a bicicleta" de Rubem Alves, e "Céu de passarinhos" de Carlos Brandão.
Foi uma surpresa deliciosa.
Porém minha euforia pela chegada do livro acabou traindo o mesmo. Disse para a Elanor que estava para chegar um livro que no lugar de desenhos havia bordados ilustrando a história, e devido a esse meu deslize de comunicação, quando o livro chegou, a decepção nos olhinhos dela foi clara: "Mas mamãe, não são bordados de verdade. É desenho de bordado." Eu percebi que ela havia imaginado um livro de telas no lugar das páginas de papel e com isso o livro sempre foi rejeitado por ela.
Eu deixei ele ali, quietinho na estante, e vez ou outra o sugeria como leitura do dia. Mas ela continuava a negá-lo.
O livro continuou ali, e eu sentia uma dorzinha cada vez que o via esquecido e rejeitado na estante. Mas continuei delicadamente a fazer tentativas, até que um dia um acontecimento na vida da minha pequena fez com que ela se interessasse, ainda que relutante, pela história do livro.
Temos na vizinhança um senhor que possui diversos passarinhos em gaiolas, cuidar dos passarinhos ocupa grande parte de seu dia e ele diz não saber viver sem eles. É difícil explicar para a Elanor que ele não sabe que está fazendo mal aos pássaros. Certo dia ela estava particularmente brava com a ideia de se manter passarinhos presos em gaiolas e eu aproveitei o gancho dizendo que o menino do livro também pensava como ela. Pronto, surgiu a fagulha e ela quis saber mais da história. Ela gostou, e apesar de ainda ser reticente com a questão das ilustrações as vezes a vejo esticando os olhinhos discretamente para reparar em um ou outro detalhe sem que eu perceba.


"O menino preferia que ela fosse sozinha com ele. Ficou triste. Mas concordou. A gaiola era grande demais. Não cabia na bicicleta. A menina teve de fazer o passeio olhando para trás.Quem carrega gaiolas olha sempre para trás."




quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

O pai dos... curiosos!


Então, um pouco antes do carnaval, após acabarmos de ler o gato xadrez à noite, Elanor me pergunta muito séria: "Mamãe, existe a palavra 'paresia'?", na hora me lembrei que algumas semanas antes ela havia chegado à "conclusão" de que haviam mais palavras que não existem do que as que existem!
"Paresia", precisava descobrir se aquela palavra existia e muito provavelmente o que ela significava logo em seguida. Disse para a Elanor que iria mostrar a ela um livro mágico, que continha TODAS as palavras que existiam em nossa língua, ela me disse na mesma hora que ele devia ser enorme, e eu fui feliz da vida buscar o dicionário Houaiss da língua portuguesa, provavelmente o maior livro que temos aqui em casa!
A carinha dela ao me ver chegar com aquele livro enorme foi incrível! Ela pulou em cima do livro como quem quer ler tudo o que tem ali de uma só vez. Expliquei a ela que o livro estava em ordem alfabética e cantamos a musiquinha do alfabeto para saber onde estaria a letra P.
Assim que encontramos a palavra "PARESIA" no dicionário ela ficou estasiada:
"Eu inventei a palavra paresia e ela existe de verdade!!"
Li o que significava paresia, ela ouviu sem emoção e rapidamente perdeu o interesse, aquilo não era importante, o que importava era que sua palavra existia, e ela tinha ganhado o dia!
Eu entendi que ela percebia cada uma das palavras novas que ouvia na história do gato xadrez, mas que significados são simples, óbvios ou até sem importância para uma criança, essa coisa de saber o significado exato de tudo é muito coisa de adulto.
O combinado agora é assim: banho, leite, escovar os dentes, fazer xixi, duas histórias e uma palavra nova por noite. Toda noite.


PS: Não vou contar o que significa paresia não! Vai lá, procura ;)

domingo, 17 de fevereiro de 2013

Era outra vez um gato xadrez...

Por diversas vezes, quando as crianças me pediam para contar uma história, eu fazia a brincadeira: "Era uma vez um gato xadrez, se não entendeu eu conto outra vez!" deixando-as contrariadas com resmungos de: "Essa não vale...."
Agora me imaginem em uma livraria encontrando o livro da minha história numa versão estendida!! Levei pra casa na hora e foi o maior sucesso desde então.
O livro é lindo! Formato, cores, fonte, ilustrações, tudo!
Leticia Wierzchowski escreve a história do culto gato que desejava mudar de cor com rimas não óbvias, métrica e acima de tudo com um vocabulário novo e interessante para as crianças (alguns dos vocábulos eram novos até para mim!).
Vistoso, intelectual, insolvente, alabastrino, desfiladeiro, altaneiro, empalhado, elegante, exótica, alamanda, declama, Rimbaud. Palavras que despertam o interesse e a imaginação, porém Elanor nunca perguntou o que essas palavras significavam e cheguei a pensar se ela as ignorava por não conhecê-las ou se acabava inventando significados pelo sentido da história. No próximo post falarei de um livro inusitado que entrou na nossa lista de leituras noturnas por conta do gato.
As ilustrações lindas do livro são do paulistano Virgilio Neves que diz que "Os desenhos são as letras disfarçadas."



Este post saiu assim pertinho do outro para compensar o recesso de carnaval que deixou vocês sem histórias!

sábado, 16 de fevereiro de 2013

O jogo de rimas do Marquês

Este é um dos livros que a Elanor ganhou ano passado em seu aniversário e que a princípio demorou a gostar. Porém, do final do ano passado para cá ela vem se interessando cada vez mais por ele e já o pediu e repetiu várias noites.
"Rima é o som que combina quando a palavra termina." diz a autora já no final, incentivando as crianças a fazerem sua própria versão da história. Explicar o que é rima utilizando uma rima de maneira tão fofa, eu confesso, me despertou um pouco de inveja :)
A história rimada tem o marquês dinamarquês, a beleza de princesa, o dragão grandão, e outros personagens como a bruxa e a fada, todos que trocam constantemente de papéis de maneira divertida!
O livro é de Christiane Gribel que "escreveu uma história que se modifica a cada vez que o verso se recicla".
Todos os personagens do livro foram criados com materiais recicláveis pelo ilustrador Claudio Souza, e ao final do livro mostra às crianças como eles foram criados e as convida a criarem seus próprios personagens. A Elanor fez vários "bonecos de sucata", como ela mesma chama, depois de uma atividade na escola, mas a gente ainda está longe de personagens tão bonitos como os da história, fizemos uma caixa em casa pra guardar tudo quanto é tipo de embalagem vazia que ela não deixa mais jogar fora para poder fazer mais bonecos!
O troca troca rimado deste livro é bastante interessante, rende risadas e surpresas que valem a pena!



quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Aí é outra história...

Novos finais para histórias que a gente já conhece há um tempão e não aguenta mais ouvir do mesmo jeito.
É assim que a capa do livro nos chama à essa revisita aos clássicos "A bela adormecida", "A princesa e o sapo" e "Cinderela".
O livro foi o número 1 das férias deste ano! Foram 12 noites seguidas lendo o livro para a Elanor e sua prima Isabella de 6 anos. As duas ficavam ansiosas para ouvir os finais novos das histórias, principalmente um dos novos finais da Bela Adormecida, que a Elanor decorou de ponta a ponta.
O autor Mauricio Veneza é também o ilustrador do livro e reconta de maneira divertida estes três clássicos. Segundo ele, toda vez que contamos uma história, mudamos um pouco aqui ou ali, então ele quis também dar sua mudadinha. A parte preferida das meninas, responsável por tantas repetições noite após noite, é o final da Bela Adormecida onde a princesa acorda assustada com um estranho lhe dando um beijo e dá um tapa na cara dele o chamando de abusado!
Para cada uma das histórias o autor inventa dois novos desfechos, e ao final deixa um espaço no livro para que as crianças possam inventar elas mesmas um novo final!
A linguagem é muito bem humorada e a leitura bem gostosa, fiquei fã do autor e já coloquei outros livros dele na lista de desejos :)
Abaixo tem uma foto da parte mais querida das meninas, incluindo o pobre príncipe esbofeteado!