terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Os bordados da menina, da gaiola e da bicicleta

Cheguei a esse livro por um caminho diferente, o encontrei por conta deste bordado lindo que vi em uma revista de decoração ano passado.


Fiquei encantada com a delicadeza e a gostosura dessa peça e fui atrás da fonte. Descobri que era uma das obras da família Dumont, de Pirapora em MG.
Ainda à procura de como obter a peça, descobri que o grupo já havia feito diversas ilustrações bordadas para livros, dentre eles para o livro "A menina, a gaiola e a bicicleta" de Rubem Alves, e "Céu de passarinhos" de Carlos Brandão.
Foi uma surpresa deliciosa.
Porém minha euforia pela chegada do livro acabou traindo o mesmo. Disse para a Elanor que estava para chegar um livro que no lugar de desenhos havia bordados ilustrando a história, e devido a esse meu deslize de comunicação, quando o livro chegou, a decepção nos olhinhos dela foi clara: "Mas mamãe, não são bordados de verdade. É desenho de bordado." Eu percebi que ela havia imaginado um livro de telas no lugar das páginas de papel e com isso o livro sempre foi rejeitado por ela.
Eu deixei ele ali, quietinho na estante, e vez ou outra o sugeria como leitura do dia. Mas ela continuava a negá-lo.
O livro continuou ali, e eu sentia uma dorzinha cada vez que o via esquecido e rejeitado na estante. Mas continuei delicadamente a fazer tentativas, até que um dia um acontecimento na vida da minha pequena fez com que ela se interessasse, ainda que relutante, pela história do livro.
Temos na vizinhança um senhor que possui diversos passarinhos em gaiolas, cuidar dos passarinhos ocupa grande parte de seu dia e ele diz não saber viver sem eles. É difícil explicar para a Elanor que ele não sabe que está fazendo mal aos pássaros. Certo dia ela estava particularmente brava com a ideia de se manter passarinhos presos em gaiolas e eu aproveitei o gancho dizendo que o menino do livro também pensava como ela. Pronto, surgiu a fagulha e ela quis saber mais da história. Ela gostou, e apesar de ainda ser reticente com a questão das ilustrações as vezes a vejo esticando os olhinhos discretamente para reparar em um ou outro detalhe sem que eu perceba.


"O menino preferia que ela fosse sozinha com ele. Ficou triste. Mas concordou. A gaiola era grande demais. Não cabia na bicicleta. A menina teve de fazer o passeio olhando para trás.Quem carrega gaiolas olha sempre para trás."




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